O programa Monitor de Secas é um processo de acompanhamento regular e periódico da situação da seca no Brasil

Com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros, o Programa Monitor de Secas, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), comemorou 10 anos de atividade e acompanhamento da situação da seca no Brasil. Rondônia teve participação ativa no evento, levando sua experiência com a rede de observação de impactos e as políticas públicas para minimização da crise hídrica que hoje é grande preocupação em todo o país. O evento foi realizado nos dias 21 e 22 de agosto, em Fortaleza-CE, em parceria com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Pluviômetros para verificação precisa de quantidade e da distribuição das chuvas

Nos últimos 30 anos, o Brasil perdeu 15,7% de sua superfície de água. Quem aponta esse dado é a pesquisa realizada pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG/OC) que, desde 1991, vem acompanhando a perda florestal e hídrica no país. É uma situação preocupante para um país reconhecido como o de maior disponibilidade hídrica do mundo, com 12% da água doce do planeta.

O programa Monitor de Secas é um processo de acompanhamento regular e periódico da situação da seca no Brasil. Surgiu em 2014, a partir da grande seca que assolava o Nordeste, na época e que era apontada como a mais grave dos últimos 100 anos. De lá para cá, o programa vem realizando levantamento de dados cujos resultados consolidados são divulgados por meio do Mapa do Monitor de Secas.

REDE DE OBSERVAÇÃO
A participação de Rondônia no Encontro10 anos do Monitor de Seca, se dá com a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RO), que tem o extensionista Cledmar Carneiro atuante na Rede de Observação de Impactos em Apoio à Validação dos mapas mensais do Monitor de Secas. Luciano Brandão, diretor-presidente da Emater-RO conta que a autarquia recebeu, a título de doação pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), cem pluviômetros que foram instalados nos escritórios da entidade e em algumas propriedades rurais assistidas para verificação precisa de quantidade e da distribuição das chuvas no estado. “Os dados são coletados e lançados numa plataforma digital, onde são tratados para compor o mapa do Monitor de Seca, integrando Rondônia no mais importante banco de dados sobre pluviosidade”, disse Luciano Brandão.

Durante o Encontro 10 anos do Monitor de Seca, o extensionista Carneiro, que é engenheiro agrônomo, levou as experiências de Rondônia para minimização da crise hídrica e, em palestra proferida no evento, enfatizou a importância dos dados meteorológicos para a agricultura, bem como o planejamento, acompanhamento e obediência as leis da natureza. “Com esses dados meteorológicos vai ser possível o estudo da evapotranspiração das plantas, determinar a umidade do solo, realizar o estudo ponto de murcha, para com isso evitar a perda da produção e a oferta de produto ao consumidor, explica o extensionista.”.

Foram instalados cem pluviômetros em Rondônia pela Emater-RO

CRISE HÍDRICA EM RONDÔNIA
A gravidade da crise hídrica na região Norte vem preocupando o governo estadual que não tem medido esforços para promover a sensibilização e a educação na preservação dos recursos hídricos tanto na agricultura, com aprimoramento dos serviços de assistência técnica e extensão rural, como para a sociedade em geral, através de campanhas de conscientização e da educação nas escolas. Recentemente, o governador Marcos Rocha declarou situação de emergência estadual em virtude de estiagem autorizando a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem sob a coordenação do Comitê de Crise Hídrica. ‘‘O Governo de Rondônia está adotando as medidas necessárias para mitigação da estiagem no Estado de Rondônia. Estamos enfrentando essa crise hídrica com responsabilidade, pensando em proteger o bem-estar da nossa população e também o desenvolvimento do nosso estado’’, afirmou o governador.

O Encontro que marca os 10 anos de monitoramento da seca através do programa também serviu para discutir o futuro dessa iniciativa com órgãos e instituições públicas, como o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), e agências, secretarias e especiais, fundações e entidades ligadas ao segmento que, junto com especialistas brasileiros e estrangeiros debateram as ações realizadas nessa primeira década, o alinhamento das ações junto às mais de 60 instituições federais, estaduais e distrital integrantes e novas perspectivas, como a expansão do trabalho para a América do Sul.

Texto: Wania Ressutti
Jornalista – MTE-1744/RO
Fotos: Alessandro Pedrali e arquivo Cledmar Carneiro
EMATER-RO

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