É crescente a procura dos produtores rurais por matérias genéticos, sementes melhoradas e hastes para multiplicação vegetativa de plantas de cacau.

fruto cacau clonal
O governo de Rondônia assumiu através da Emater-RO a assistência técnica às lavouras de cacau do Estado.

O que despertou esse interesse pela produção do cacau foi “em primeiro lugar, os bons preços que o produto tem alcançado no mercado e a boa produtividade e qualidade de amêndoas conseguida pelos cacauicultores do Estado”, diz o coordenador regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac),  para as regiões cacaueiras de Rondônia e Mato Grosso, Eng. Agrônomo Caio Márcio.

De acordo com levantamentos da Ceplac a capacidade de moagem da indústria produtora de chocolate no Brasil é de 275 mil toneladas de amêndoas de cacau, mas a produção nacional é muito menor, obrigando a indústria nacional a importar 70% do cacau que utiliza. Os maiores fornecedores de cacau estrangeiro para o Brasil são os países africanos que mandam pra cá um cacau inferior ao produzido no nosso país. Esses países africanos frequentemente são denunciados por práticas de escravidão, trabalho infantil e descaso ambiental, e nenhuma indústria quer ver sua marca e produto vinculado a práticas socialmente injustas.  Daí se conclui que o mercado está aberto a novos produtores.

Durante muito tempo a mídia e o senso comum da população, associou a produção brasileira de cacau ao estado da Bahia, mas quando se compara o potencial produtivo das regiões produtoras,  verifica-se que na Amazônia, a produtividades das lavouras cacaueiras chega a ser o dobro e até o triplo do que se consegue na Bahia, uma vantagem já percebida pelos produtores de cacau de Rondônia.

Aqui no Estado os produtores de cacau recebiam assistência técnica diretamente da Ceplac,  mas por decisão do governo federal, o órgão deixou de prestar esse serviço, que foi assumido pela Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO), mas os produtores ainda podem contar com uma estação de pesquisa que a quatro décadas estuda variedades e clones de cacau, realizando cruzamentos entre variedades, produzindo híbridos e adaptando cultivares mais resistentes ou tolerantes às nossas condições climáticas e de solo. Refiro-me à estação experimental da Ceplac em Ouro Preto do Oeste.

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E ECONÔMICA

Plantar cacau exige esforço e conhecimento como qualquer outra lavoura, mas os indicativos de sustentabilidade do cacau supera qualquer outro cultivo comercial na Amazônia, para começar, trata-se de uma planta nativa da floresta amazônica, seu cultivo é considerado reflorestamento, e as amêndoas são a matéria prima do chocolate, produto consumido no mundo inteiro. PRODUÇÃO CACAU RO - Copia_1 (6) (1)No Brasil o consumo de chocolate, nos últimos cem anos, teve um crescimento de dois por cento ao ano, e nos países mais populosos do mundo, Índia e China, o consumo cresse a uma escala de 10% ao ano, diz Caio Marcio, um dos maiores estudiosos da cultura do cacau no Brasil.

Aqui em Rondônia o cacau produz o ano inteiro, e com maior volume nos meses de março a setembro, como indica o gráfico da distribuição da produção de cacau em Rondônia, elaborado a partir da observação das series históricas da produção cacaueira no Estado.  A cultura do cacau proporciona ocupação remuneradora e bem distribuída ao longo do ano, confirmando que é uma excelente fonte de emprego e renda para toda a família.

Um único hectare de cacau adulto bem manejado, seguindo a orientação técnica, rende durante um ano, algo em torno de 100 arrobas de cacau. Considerando-se os preços do mercado local em torno de R$ 185,00 a arroba consegue-se um rendimento bruto de R$ 18.500,00 ao ano, esta renda pode ser ainda maior, a depender da produtividade, escala de produção e tipo de comercialização, para se ter uma ideia enquanto a arroba de cacau foi vendida em Rondônia a preço máximo de R$185,00 na Bahia no mesmo período os preços variaram entre R$225,00 e R$230,00 reais a arroba.

Texto: Enoque de Oliveira
Fotos: Irene Mendes
EMATER-RO

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