Renovação da Cafeícultura
Um grupo de agricultores de Alvorada do Oeste, município rondoniense a aproximadamente 500 km da capital Porto Velho, se destaca entre os produtores de café do Estado, e não é porque eles sejam os maiores produtores individuais de café, ou tenham conseguido as maiores produtividades na cultura.
O que os fazem diferentes é exatamente o que deveria ser normal, para quem tem a cafeicultura como atividade profissional, a coragem de investir no café, mesmo quando o produto estava em baixa eles insistiram, agora com a melhora dos preços, nos últimos dois anos, eles começam a colher os resultados da persistência no cultivo do café, e por acreditar na força da cooperação e na assistência técnica prestada pela Emater-RO.
Este grupo, conhecido como “os baianos” é formado por quatro famílias principais e seus filhos, alguns já casados, mas todos trabalhando juntos, embora cada um tenha sua lavoura individualmente. Os grandes investimentos são feitos em grupo, seguindo a linha do insumo indivisível, quando uma máquina de necessidade comum a todos é muito cara e sua capacidade operacional é maior que a necessidade individual do agricultor, então o grupo compra e todos são beneficiados.
Desta forma eles estão montando a infra-estrutura necessária a suas propriedades, já conseguiram financiar a compra de dois secadores, uma máquina recolhedora de café, um barracão com estrutura metálica para abrigar maquinas e equipamentos, e modernos sistemas de irrigação por gotejo e microaspersão, todos com projetos técnicos elaborados pela Emater-RO e crédito de bancos oficiais.
Os baianos dividem a liderança do grupo entre seus quatro patriarcas, seu Antonio Alves Sobrinho, Dionísio Alves Moreira, Edvaldo Alves Moreira e Vicente Morais Santande. Desde que eles se instalaram em suas propriedades no município de Alvorada, cultivam café, no inicio todas as lavouras eram plantadas por sementes, chamado pelos técnicos de cultivo seminal, mas não ficaram parados no tempo, de 2013 para cá, estão substituindo suas lavouras convencionais por cultivo de clones de alta produtividade.
Clone
Diz-se que uma lavoura é clonal quando ela é formada por plantas reproduzidas não por sementes, mas através de estacas tiradas de uma única planta, neste caso todas as plantas terão a mesma carga genética da planta mãe, portanto potencialmente terão a mesma produtividade, resistência e homogeneidade na maturação dos frutos, características que dão grandes vantagens aos clones em relação a lavouras seminais.
O engenheiro agrônomo da Emater-RO Geovani Tomiazzi Soares disse que a produtividade na lavoura dos baianos sempre foi acima da média, mesmo com lavouras seminais eles produziam média de 40 sacas de café limpo por hectare, mas esta realidade já mudou, com a introdução dos clones os resultados da primeira safra foram de 70 sacas de café limpo por hectare, 80 sacas na segunda safra e na terceira safra, quando a lavoura alcança a maturidade, a produtividade foi de 107 sacas de café beneficiado por hectare.
Precocidade
Enquanto as lavouras seminais só produzem safras economicamente satisfatórias depois de três anos de plantada, os cultivos de clones tem sua primeira safra aos dois anos, e quando bem conduzidos, com os tratos culturais em
dia e irrigação adequada podem alcançar produtividades acima de 150 sacas de café beneficiado por hectare.
Atualmente os baianos possuem uma área cultivada de 37 hectares, com café em franca produção , das quais restam apenas cinco hectares que ainda não foram substituídas por clones, e somente no ano de 2016 eles plantaram mais 15 hectares de lavoura nova, com clones, o que gera uma expectativa de safra para 2019 na casa das 5 mil sacas de café, suas lavouras.