Jovem Suruí Assina Primeiro Contrato de Pronaf-A para Indígenas com o Banco Basa

Em um marco histórico, o jovem Oypirah Neemias Suruí, cafeicultor da etnia Paiter Suruí, assina o primeiro contrato de Pronaf-A destinado a povos indígenas, em parceria com o Banco da Amazônia (Basa). Este acontecimento é fruto do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) indígena, lançado em 2024 pela Emater-RO, com o objetivo de oferecer assistência técnica especializado e incentivar o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas em Rondônia, atendendo, inicialmente, os povos Paiter Suruí de Cacoal e Gavião e Amundauá em Ji-Paraná. O programa Ater Indígena visa fortalecer a autonomia produtiva, respeitando os conhecimentos tradicionais e as práticas de conservação ambiental.

“O crédito rural é mais uma ferramenta, desde que associada a outros tratos culturais, para melhorar a produção e produtividade”, destacou Wesley Gama, técnico da Emater-RO responsável pela elaboração das propostas em campo, que foram internalizadas com sucesso no Basa. Ele enfatizou a importância de combinar o acesso ao crédito com boas práticas agrícolas, como o manejo adequado do solo, o uso de mudas de qualidade e o controle de pragas e doenças, podas e adubação.
PIONEIRISMO NO CRÉDITO RURAL INDÍGENA
Em 2025, a Emater-RO, juntamente com seu corpo técnico, conseguiu aprovar a primeira proposta do Pronaf-A, voltada para os povos indígenas, respeitando critérios técnicos rigorosos e uma análise ambiental detalhada. A iniciativa busca responder à necessidade identificada em diagnósticos prévios nas aldeias indígenas, que indicaram uma demanda crescente por crédito rural para aumentar principalmente a produção de banana, café e cacau. Esses diagnósticos envolveram a aplicação de questionários socioeconômicos, entrevistas com lideranças comunitárias e visitas técnicas às aldeias indígenas, permitindo identificar as principais necessidades e potencialidades de cada comunidade. A análise ambiental detalhada incluiu a avaliação dos impactos das atividades produtivas sobre os recursos naturais, como a água, o solo e a biodiversidade, buscando garantir a sustentabilidade ambiental dos projetos.
Marcelo, gerente da agência do Basa, afirma: “O Banco da Amazônia tem interesse em fomentar atividades sustentáveis, que também incluem os povos indígenas aqui de Cacoal-RO.” Ele ressalta que o Basa possui linhas de crédito específicas para projetos sustentáveis, que visam conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental e a valorização da cultura local.
IMPACTO NAS COMUNIDADES INDÍGENAS
O Pronaf-A, originalmente destinado apenas a assentados da reforma agrária, foi expandido para incluir povos indígenas e quilombolas, oferecendo um limite de crédito de até R$ 52.500,00, com rebate de até 42%, além de carência, parcelamentos e taxa de juros de 0,5%. Este financiamento permitiu a Oypirah instalar um sistema completo de irrigação, como um sistema de microaspersão, para suas plantações de café, banana e cacau na aldeia Tikã. A escolha do sistema de irrigação é crucial para otimizar o uso da água e garantir a produtividade das culturas, especialmente em períodos de seca.

Solange Suruí, mãe de Oypirah, expressou seu entusiasmo: “Hoje é um dia que sempre esperamos e é muito emocionante para toda nossa família; eu nunca desisto de meus sonhos.” Ela destaca a importância do apoio familiar e da perseverança para superar os desafios e alcançar os objetivos.
Oypirah completou: “Com certeza vou aumentar minha produção de café especial na mesma área de antes.” Ele planeja investir ainda mais em técnicas de produção de café especial, como a seleção de grãos maduros, a fermentação controlada e a secagem, para agregar valor ao seu produto e garantir suas vendas.
A Emater-RO/Cacoal, pretende expandir a elaboração de propostas para outras famílias da Terra Indígena Sete de Setembro, com foco em projetos produtivos e sustentáveis. A Preservação e Sustentabilidade.
Almir Suruí, um dos líderes do povo Paiter Suruí, reforçou a importância do projeto: “O crédito rural é bem-vindo ao nosso povo, amplia os pilares da sustentabilidade. Inclusive é previsto no Plano de Gestão da Terra Indígena (PGTI).” O PGTI é um instrumento de planejamento participativo, que define as diretrizes para o uso sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento socioeconômico da Terra Indígena, respeitando os direitos e os costumes do povo Paiter Suruí.
Fonte: Camila Fabiana
Fotos Wesley Gama
