Debate sobre avanços do café visa melhores condições e produção com sustentabilidade
O avanço da produção cafeeira em Rondônia nos últimos anos tem projetado o estado como uma das regiões mais competitivas de plantio e cultivo de café. Consolidado como o maior produtor de café da região Norte, 5º maior produtor nacional e 2º maior produtor nacional na variedade Conilon, Rondônia ganha destaque não somente na produtividade, mas também na qualidade da bebida do café canéfora que vem ganhando cada vez mais o paladar dos apreciadores. Porém, não basta somente ter eficiência na produtividade. Segundo o consultor da Plataforma Global do Café, Eduardo Sampaio, ainda falta muita coisa a ser ajustada.
A discussão em torno dos avanços do café e das dificuldades para se chegar a excelência foi pauta do debate entre os técnicos da Emater-RO e Idaron com especialista no segmento, durante o treinamento básico e avançado do currículo de sustentabilidade do café, realizado nos dias 20 e 21, Centro de Treinamento da Emater, em Ouro Preto do Oeste. A parceria foi firmada entre o governo estadual, por meio da Emater-RO, Seagri e Idaron, com a Plataforma Global do Café – uma iniciativa de sustentabilidade da cafeicultura que conta com mais de 200 associados dos diversos segmentos da cadeia produtiva do café. Sua atuação estende-se a nove países, entre eles o Brasil.
Segundo o engenheiro agrônomo Rafael cidade, da Emater-RO, a parceria da Plataforma Global com a autarquia foi firmada há quatro anos, período esse em que vem trabalhando a implementação do currículo de sustentabilidade, um documento norteador para a atuação em sustentabilidade que visa mostrar para o produtor a importância e benefícios em uma produção sustentável. Durante o treinamento os técnicos discutiram temas ligados ao setor cafeeiro que possam oferecer boas condições de vida para agricultores e trabalhadores, e assegurar a permanência na atividade com sustentabilidade e proteção aos recursos naturais.
Nos dois dias de treinamento, os presentes participaram de exposições teóricas e visitaram a propriedade do cafeicultor Maurício Bueno, em Presidente Médici. Localizada no Km 20, Lote 84 da BR-364, essa propriedade implantou há quatro anos, uma lavoura de café clonal, obtendo com essa ação, uma produtividade de 63,3 sacas por hectare.
Rafael salienta que “apesar da queda do preço do café, Rondônia tem apresentado, segundo dados da Conab, um aumento de produção e produtividade e apresentado excelentes cafés de qualidade”. Porém, para o consultor da Plataforma Global, mesmo vendo cenários positivos, há muitas dificuldades e é preciso “uma organização muito coerente, alinhada com governo estadual e um equilíbrio entre a secretaria de agricultura, Emater e as outras entidades envolvidas”.
Ainda para o consultor, o fato de Rondônia ser um produtor eficiente de robusta, com custos entre 150 e 180 reais a saca, a coloca numa dimensão mundial de eficiência muito grande, mas em uma análise de risco é possível perceber que falta ainda um “ambiente facilitador com corpo cooperativismo, melhores cotações e disponibilidade de insumos, toda uma política de uso da água, estrutura fundiária, tecnologia de irrigação racional, entre tantos outros para que esse caráter novo e racional de usos dos recursos naturais transforme o estado todo em um estado com dimensão nacional e internacional na casa de cinco a dez milhões de sacos, como vai ser demandado do Brasil, em poucos anos.
A Plataforma Global funciona também como um ambiente facilitador para implementação de projetos e para buscar recursos, inclusive em uma esfera privada, trabalhando o contexto em conjunto. “Precisamos pensar numa política de implementação de custos de produção tomada pelo produtor que os oriente numa decisão comercial mais saudável. São vários os projetos estruturantes ainda, na área da capacitação onde a Emater tem um papel preponderante”, salienta Eduardo Sampaio.
O treinamento básico e avançado do currículo de sustentabilidade reuniu 42 extensionistas da Emater-RO das regiões Central, Vale do Guaporé, Pimenta Bueno e Rolim de Moura e quatro técnicos da Agência de Defesa Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron).