Dia Especial mostra assistência técnica na lavoura cafeeira e incentiva cafeicultura indígena em evento intercultural
Indígenas dos municípios de Cacoal, Ji-Paraná e Alta Floresta do Oeste participaram de um Dia Especial para desenvolvimento da lavoura cafeeira nas aldeias. O evento reuniu 85 índios, homens e mulheres, interessados na implantação da lavoura de café, atividade que vem crescendo e já faz parte da economia local da comunidade, em especial do povo Paiter-Suruí. A proposta foi realizar um evento intercultural que pudesse levar os conhecimentos adquiridos com a prática para outras comunidades indígenas dando oportunidade a todos que queiram investir na cultura.
O Dia Especial foi realizado pela união de esforços entre a Emater-RO e a Fundação Nacional do Índio (Funai), nas terras do povo Paiter-Suruí, etnia que habita as terras localizadas nas Linhas 9, 10, 11, 12 14 e 15, do município de Cacoal. Além dos Paiter-Suruí, participaram da atividade índios de outras etnias como: o povo Gavião, de Ji-Paraná e o povo Tupari, de Alta Floresta do Oeste.
A cafeicultura é uma atividade que vem sendo desenvolvida na aldeia já há algum tempo, desde quando Wilson Suruí, uma das lideranças do povo Paiter-Suruí, que vive na Linha 15, em Cacoal, iniciou a atividade em uma área menor de um hectare, apenas com os conhecimentos empíricos. A idéia era produzir para subsistência diversificando a atividade que tinha por base o extrativismo.
Com o número de famílias produtoras de café aumentando e procurando melhorar a qualidade e a produção da lavoura cafeeira, os indígenas solicitaram assistência técnica da Emater-RO. “A Emater, através do escritório de Cacoal, já vem trabalhando com o povo indígena há cerca de dois anos, com orientação técnica voltada especificamente para a cultura do café”, explica o extensionista da Emater-RO, Wesley Gama, complementando que são “lavouras de café clonal que tem demandado uma orientação técnica com qualidade e voltada especificamente para o povo indígena”.
O extensionista diz ainda, que as atividades são desenvolvidas com apoio incondicional da Funai, levando-se em consideração a mudança e a necessidade do povo Paiter-Suruí. “A Emater vem desenvolvendo o Método de Assistência Técnica Coletiva (Matec)”, um método que consiste em atender, de forma conjunta, um grupo específico, atendendo todos diretamente e sanando as necessidades da informação para a cultura. Esse método tem contribuído para os resultados satisfatórios da produção e a qualidade do café obtido na aldeia.
Em Cacoal o grupo atendido pela assistência técnica coletiva com os indígenas tem 21 integrantes. Eles se reúnem dentro de sua programação, pelo menos uma vez a cada 30 dias, na aldeia Lapetanha, na Linha 11, em Cacoal, para troca de informações técnicas sobre a cultura do café. “Meu povo está muito feliz em poder passar por este treinamento, porque nosso povo precisa melhora ainda mais sua economia”, fala com entusiasmo o líder indígena anfitrião da aldeia Lapetanha, Celso Suruí.
As lavouras de café que estão sendo cultivadas nas aldeias têm sido implantadas em áreas onde há mais facilidade de manejo da cultura. A responsabilidade ambiental também tem sido uma das questões a serem levadas em consideração, incentivando o reuso de áreas de capoeiras e pousio, evitando-se assim o desmatamento. “Estamos muito satisfeitos com está cooperação com a Emater e planejamos expandir ainda mais nossos esforços conjuntos para atender nossos indígenas”, diz Ricardo Prado, coordenador da Funai/Cacoal.
Durante as atividades foram ministradas duas palestras com foco para o momento da cultura em que os indígenas se encontram abordando a implantação inicial das lavouras e a qualidade do café. Ao final do evento foram abordados temas de interesse dos povos, dentre os quais, um aditivo no valor de R$ 70 mil para compra de produtos através do Programa de Aquisição de Alimento (PAA, que vem sendo um dos anseios do povo indígena.